Desde o momento do nosso nascimento, nos deparamos com uma vida de regras, recompensas e castigos. Vamos crescendo e aprendendo que tudo é recebido por mérito; se obedecermos receberemos elogios dos pais e até nos darão presentes. Já se desobedecermos, o castigo e até mesmo a palmada serão inevitáveis. Quem chega primeiro, quem faz melhor, quem se destaca recebe os "louros". E o segundo lugar? Não importa, perdeu; não alcançou o objetivo mais desejado. Os outros então... Não são nada!
Este sistema de trocas nos relacionamentos humanos geram o orgulho, as brigas, invejas, divisões e toda sorte de males. As pessoas, muitas vezes, se esforçam para fazer o correto só para receber algo em troca. Se eu for amigo e amar, vou ter amigos e ser amado. Se eu der, vou receber. Se eu fizer o melhor, serei reconhecido. Se...
Que mal há nisso?! - Você pode perguntar, afinal, Jesus ensinou que "aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á." (Mt 7:8). Então o que eu faço importa, tem valor, tem consequências. Sim! Mas não é esta a única regra a reger nossas vidas. O que muitos esquecem é que nem tudo é preto ou branco, frio ou quente, bom ou ruim... Entre o 8 e o 80, exitem 72 possibilidades! E, a maior probabilidade, esquecida e pouco entendida pelos homens, é a Graça de Deus. O sistema do mundo, meritocrático, não consegue entender nem aceitar a graça. Mesmo dentro das igrejas, a graça não é entendida e muitas vezes, não é nem bem aceita... Há muitos julgamentos, divisões e falta de amor por parte dos que se dizem cristãos, em relação ao próximo. Como disse Philip Yancey, "todos nós na igreja precisamos de 'olhos
curados pela graça' para ver o potencial nos outros para a mesma graça que
Deus tão prodigamente nos concedeu." Desejamos a graça de Deus para nossa vida; reconhecemos que precisamos de perdão, mas inversamente proporcional é a nossa incapacidade de ter misericórdia e conceder o perdão.
"Amar uma pessoa", disse Dostoiévski,
"significa vê-la como Deus pretendia que ela fosse". Mas, quantos de nós tem essa capacidade? Quantos pelo menos tem o desejo de tentar? É tão mais fácil reparar no "cisco no olho do irmão, do que na viga que está em nossos próprios olhos". ( Mt 7:3) E, além de ver mais o erro alheio que nossos próprios, ainda temos o poder de guardar mágoas e cultivar maus pensamentos contra os outros. Vemos os defeitos, mas as qualidades nunca são boas o bastante... As coisas boas serão esquecidas, mas as ruins... Estas ficarão gravadas para sempre! Miseráveis homens que somos!!! Como poderemos enxergar o potencial de outrem, quando estamos mais preocupados em exaltar e exibir o nosso próprio talento? Como ver o outro com os olhos de Cristo, e visualizar nele tudo que poderá vir a ser e fazer nas mãos de Deus? Sem a Graça, jamais será possível.
O que não conseguimos entender é que a “Graça
significa que não há nada que eu possa fazer para Deus me amar mais, e nada que
eu possa fazer para Deus me amar menos.” (Philip Yancey) É assim comigo e é assim para com toda a humanidade. Deus é amor! Jesus nos ama e morreu por nós para nos tornarmos um com Ele. Nem nossos mais brilhantes momentos de bondade, nem os mais terríveis sentimentos de maldade, farão com que o amor de Deus se altere. "Somos salvos pela graça, mediante e fé, e isso não vem de nós, é dom de Deus." (Ef 2:8) Nada nos separará do amor de Cristo! A não ser nós mesmos e a nossa dificuldade de receber a graça, de graça, sem ter mérito algum e, da nossa inaptidão de estendê-la igualmente aos que nos cercam... Nos falta amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. (Mc 12:36)
Harriet Beecner Stowe, escreveu em A Cabana do Pai Tomás: "A Bíblia não diz que devemos amar
a todos?" "Ah! A Bíblia! Para dizer a verdade, ela diz uma porção de coisas;
mas ninguém nunca pensa em colocá-las em prática." O que nos falta?! Praticar aquilo que aprendemos através da Palavra de Deus.
Dorothy Day declarou: "Eu realmente
só amo a Deus na proporção em que amo a pessoa
que menos amo". Não é isto mesmo que a Palavra nos diz? "Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?" (1 Jo 4:20)
Portanto, não amemos as pessoas só da boca para fora, mas que nossas atitudes demonstrem misericórdia, generosidade, carinho e empatia. (1 Jo 3:18)
Que o Senhor plante o amor em nossos corações e faça germinar a graça, o perdão e a misericórdia. "Que façamos aos outros aquilo que desejamos que façam para nós." (Mt 7:12)
Jesus ensinou todas estas coisas no Sermão da Montanha. Tudo que está escrito lá, em Mateus, do capítulo 5 ao 7, vai na contramão do mundo e da meritocracia... A lógica de Deus, não é a lógica do mundo! Louvado seja Deus por isso! Assim ainda temos a oportunidade de receber salvação, de graça, pela graça, mediante a fé, que Ele mesmo nos dá, porque nossos pecados e atitudes são como um tapo de imundícia. Não será pelas obras nem pelo esforço que alcançaremos o céu, mas única e exclusivamente pela graça!
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